Rapper Dexter reflete sobre sua trajetória no rap, experiências na prisão e os desafios da apropriação musical

Na última quarta-feira (19/12/2024), Dexter, um dos nomes mais icônicos do rap nacional, compartilhou sua história em uma entrevista para o canal Splash, no YouTube. O bate-papo, que trouxe uma narrativa de superação, resistência e influência cultural, destacou momentos marcantes da trajetória do artista, desde sua infância na periferia de São Paulo até sua consolidação como referência no hip hop brasileiro.

Do início humilde às grandes influências
Dexter revelou que sua conexão com a música começou cedo, ainda na infância, em meio às dificuldades de crescer na periferia paulistana. A força transformadora da música dos Racionais MCs foi um divisor de águas, iluminando sua realidade e mostrando a potência da arte como ferramenta de resistência e voz para a comunidade negra. “O rap dos anos 90 foi uma escola. Mostrava que éramos muito mais do que a sociedade dizia”, afirmou.

Transformando a dor em arte
Uma parte crucial de sua história envolve o período em que esteve no sistema prisional. Durante esse tempo, Dexter encontrou no rap um meio de expressão e superação. Ele relembra a força criativa que emergiu das adversidades, destacando a importância de iniciativas como o Projeto da Sofia, que ajudou a conectar artistas e promover talentos. “A música foi meu grito de liberdade, mesmo quando meu corpo estava preso”, disse o rapper.

Desafios do presente: uso indevido de sua obra
Dexter também abordou um tema delicado: o uso não autorizado de músicas por candidatos políticos em campanhas eleitorais. Recentemente, ele enfrentou uma disputa com Pablo Marçal pelo uso indevido de uma de suas canções, destacando a importância de proteger a integridade da arte e de seus criadores. “Minha música é fruto da minha história. Não pode ser usada sem meu consentimento, muito menos para fins que não representam o que eu acredito”, desabafou.

Conexão com a nova geração
O artista expressou entusiasmo com a atual cena do rap, mencionando sua ligação com os novos talentos que têm surgido. Segundo ele, a troca de experiências entre gerações é fundamental para a evolução da cultura hip hop no Brasil. “O que fizemos lá atrás pavimentou o caminho, mas agora eles estão expandindo. O futuro do rap está em boas mãos”, destacou.

Planos para o futuro
Dexter revelou ainda que está revisitando trabalhos antigos com o auxílio das tecnologias atuais, além de desenvolver novos projetos musicais e cinematográficos. Sua evolução como artista continua sendo uma prioridade, assim como a missão de inspirar outros a acreditarem em seu potencial.

Rap: ferramenta de transformação social
Ao longo da entrevista, Dexter reforçou o papel essencial do rap como instrumento de transformação social, especialmente para as comunidades mais vulneráveis. Ele acredita que a música é uma forma poderosa de unir pessoas e de promover o empoderamento.

A entrevista é um lembrete da força que a cultura hip hop tem para influenciar vidas e abrir caminhos. Dexter, com sua trajetória de superação, é uma prova viva de como a música pode ser um farol de esperança e uma arma contra as injustiças.

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